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» Terça, 19/09/2017

Peixes nativos oportunizam o desenvolvimento da piscicultura regional

Das águas da Bacia do Rio Uruguai vem o sustento de muitas famílias do Oeste Catarinense. Para auxiliar na manutenção do modo de vida dessas comunidades e no desenvolvimento da piscicultura na região, o Instituto Goio-En atua com foco na reprodução de espécies de peixes nativos do Rio Uruguai.


Inserida há mais de 40 anos nessa região, a Fundação Universitária do Desenvolvimento do Oeste (FUNDESTE) mantém o Instituto Goio-En, uma entidade de socioambiental que possui uma estação de piscicultura (Piraqué – Projeto de preservação dos peixes migradores do Rio Uruguai) no município de Águas de Chapecó (SC) e um escritório em Chapecó (SC), na Unochapecó, universidade também mantida pela Fundeste.


Na unidade do Piraqué, considerada a primeira a manter banco genético vivo de todas as espécies migratórias do Rio Uruguai, são reproduzidos exemplares de: curimbatá (Prochilodus lineatus), dourado (Salminus brasiliensis), jundiá (Rhamdia quelen), piava (Leporinus obtusidens), pintado-amarelo (Pimelodus maculatus), piracanjuba (Brycon orbignyanus), surubim-pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e suruvi-bocudo (Steindachneridion scriptum).


A diferenciação e a qualidade dos alevinos reproduzidos pelo Instituto Goio-En são reflexos do monitoramento constante de parâmetros de qualidade da água, da inspeção e do laudo de sanidade animal, do cumprimento de todas as exigências ambientais e da obtenção de licença emitida pelo IBAMA.


Os processos de melhoramento genético e produção também são aprimorados com técnicas e tecnologias de cultivo em cativeiro. Como exemplo, a cada safra, novos reprodutores (matrizes) são capturados no rio Uruguai e afluentes com o auxílio de diversos pescadores da região. Esses peixes recebem um chip com numeração e são armazenados no plantel. Quando realizado o novo processo reprodutivo, são identificados, evitando o cruzamento entre indivíduos aparentados e garantido a variabilidade genética.


Ao chegarem ao tamanho ideal e em condições para sobrevivência no habitat natural, uma quantia desses peixes é utilizada para o repovoamento de rios. Na safra de 2016/2017 foram repassados para soltura mais de 305 mil alevinos.


O cultivo e soltura dessas espécies migratórias visa contribuir com a manutenção dos estoques pesqueiros na bacia hidrográfica do Rio Uruguai, gerando subsídios para as famílias que dependem da pesca artesanal. Hoje, esse tipo de atividade é considerada um mercado potencial, tendo em vista os benefícios do peixe como alimentação saudável.


Além das famílias que vivem às margens dos rios, outro público que tem percebido as vantagens comerciais das espécies nativas são os piscicultores. Esses peixes possuem alto valor agregado e são uma ótima oportunidade para a expansão da cadeia produtiva regional.


O dourado (Salminus brasiliensis) é uma das espécies de grande porte com potencial para a piscicultura, o crescimento é rápido, podendo chegar a 2 quilos no primeiro ano. A piava (Leporinus obtusidens) também tem bom desenvolvimento em viveiros de terra, há registros de exemplares com mais de cinco quilos.


A reprodução das oito espécies nativas é realizada anualmente e estão disponíveis para cultivo comercial de novembro a fevereiro. Os interessados em investir na piscicultura como atividade econômica, poderão entrar em contato com o Instituto Goio-En.

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